A preocupação com a alimentação da criança é tema constante de conversas e debates entre profissionais da área de saúde, mães, amigos e familiares em geral. Quem nunca presenciou a cena de uma avó, zelosa, discorrendo com sua filha sobre cuidados, receitas infalÃveis ou mesmo dicas de como alimentar seu neto ou sua neta? Ou então, mães e pais transtornados pela falta de apetite de seu filho queixando-se com o seu pediatra?
Alimentação na infância
Em primeiro lugar, deve-se atentar às inúmeras variáveis que envolvem a alimentação na infância. Pela ótica do desenvolvimento, partimos do bebê que acabou de nascer, esbaldando-se em leite materno farto, na temperatura ideal, aquecido pelo contato e carinho materno.
Neste caso, quanto mais é oferecido, mais a criança consome. No primeiro ano de vida, nos deparamos com um crescimento espantoso do bebê, perÃodo no qual ele necessita de muitas calorias para suprir a intensa demanda de energia.
Mais adiante, é extremamente gratificante oferecer as primeiras papas de frutas ao bebê e, na ansiedade de inovar e mesmo sem a orientação do pediatra, introduzir as papas salgadas e legumes frescos. Mas, passados mais alguns meses, com a redução na demanda de energia - resultado do crescimento mais lento - a criança já caminha com suas próprias perninhas, explora o ambiente, escolhe sabores, reconhece o adocicado.
Em resumo, ela acaba não tendo tempo para parar e comer. O resultado disso é que sobram alimentos no prato ou elas cospem os alimentos para desespero de seus cuidadores.
A partir daÃ, as mães tentam inovar para reverter este processo, com brincadeiras e invenções. Muitas vezes, esse comportamento abre espaço para birras, chantagens e rotinas muitas vezes prejudiciais, como comer em frente à TV ou assistindo a vÃdeos. Nesta hora, podemos parar um pouco e analisar a dinâmica que se deu nesta famÃlia desde o nascimento da criança.
Os pais estão presentes à s refeições? Quem prepara os alimentos? Qual o critério de escolha dos ingredientes? Quais são as condições ambientais que envolvem as refeições? Existe barulho? Quais são os hábitos alimentares desta famÃlia ? A criança está com sono? Fez algum lanchinho antes do almoço?
Conversar é a melhor opção
Não existe uma receita infalÃvel para fazer uma criança comer adequadamente. Antes de qualquer decisão, é necessária uma conversa franca com o pediatra que acompanha a criança.
Ele é capaz de demonstrar uma condição ou não de normalidade no estado nutricional da criança, não somente por meio do peso e crescimento, como também pela verificação da variedade e qualidade dos alimentos que aquela criança necessita em determinada fase do crescimento. Além disso, são recomendados para os pais e mães paciência e perseverança sempre.
Lembramos que a criança é um ser em constante mudança. Assim como não aceita determinado alimento hoje, passa a comê-lo amanhã.
Outra dica é que, em geral, as crianças lidam muito bem com rotinas: acordar, escovar os dentes, tomar o leite, brincar, comer uma fruta tomando sol, soneca da manhã, almoço colorido e com a famÃlia, escovar os dentes, soninho da tarde, leite com biscoito no lanche da tarde, mais brincadeira, jantar, leite quentinho para dormir sempre no mesmo horário, contar histórias e adormecer com seu bichinho predileto.
Assim, é importante manter horários para as refeições - não oferecendo alimentos, sucos ou guloseimas nos intervalo - respeitar a preferência da criança por determinados tipos de comida e sabores e sempre oferecer alimentos diferentes para provar.
Fonte: Dra. Márcia Favaretto Prieto, pediatra do samaritano.com.br