Autismo - Transtorno do Espectro Autista.
- amhs00
- 30 de set. de 2015
- 3 min de leitura

O diagnóstico ainda é clínico, ou seja, depende de avaliação direta da criança e de relatos dos pais. Por vezes, requer meses de acompanhamento do neurodesenvolvimento para maior exatidão.
Os Transtornos do Espectro Autista são um grupo de modificações no neurodesenvolvimento em que predominam alterações na habilidade do funcionamento social e da comunicação, frequentemente acompanhada por movimentos estereotipados, ou repetitivos, e interesses restritos em suas atividades.
O diagnóstico costuma acontecer entre 3 e 6 anos de idade, porém quanto mais cedo se levanta essa possibilidade, mais cedo se inicia o tratamento e melhor será a adaptação social dessas crianças. A instalação das características deve estar presente antes dos 3 anos de idade.
Costuma ocorrer um em cada 150 crianças quando se leva em consideração os casos mais sutis, além disso, afeta três vezes mais homens que mulheres.
Cuidado com mitos, próprios conceitos e preconceitos. O diagnóstico final pode esperar, mas o tratamento não. Existe um grande mito quando levantamos a possibilidade inicial do diagnóstico de alguma forma de Transtorno do Espectro Autista, pois a descrição inicial contemplava somente os casos graves, com crianças que viviam em profundo isolamento, que por vezes nunca virão a falar e a se relacionar com a sociedade.
Sempre que o médico interroga essa possibilidade, os pais inicialmente ficam surpresos, por vezes descrentes alegando que nunca imaginaram que poderia haver quadros mais sutis. Frequentemente visualizam os quadros severos, como vistos no cinema. Muitos demoram a retornar e a começar o tratamento após esse susto inicial. Há de se alertar que em um primeiro encontro muitas vezes não será possível fechar o diagnóstico, todavia o tratamento deve começar naquele instante e é inadiável.
O acompanhamento evolutivo esclarecerá o diagnóstico. A solução não é ir de médico em médico pela cidade inteira, buscando alguém que ache outras palavras para oferecer o mesmo diagnóstico. A insegurança frente ao desconhecido é normal. Peça para seu pediatra interagir com o neuropediatra ou com o psiquiatra infantil para elucidar melhor os sintomas. Os próprios pediatras ainda estão começando a se familiarizar com esses quadros.
As características fundamentais das alterações do neurodesenvolvimento social são:
01. Alteração no desenvolvimento da fala e linguagem;
02. Alteração na socialização;
03. Presença de comportamentos repetitivos e interesses restritos.
Há grande variabilidade de apresentações clínicas, desde quadros pouco graves, em que a inteligência é normal, como na Síndrome de Asperger, até casos evidentes com diferentes graus de retardo mental. Quadros sutis podem passar como pessoas esquisitas ou excêntricas, como aquele tio que nunca se casou, que parece sincero demais e que nunca entende a piada.
Quadros heterogêneos, ou seja, incluindo das alterações sutis às mais graves, são agrupados sob a denominação ampla de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), Autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), por apresentarem em comum alterações precoces no desenvolvimento da comunicação e da socialização adequadas. O autismo é uma alteração prevalente, ou muito comum, sendo relatado como uma em cada 150 crianças por volta dos 8 anos de idade, quando consideramos os casos mais sutis (TEA: Transtorno do Espectro Autista).
Estaríamos vivendo uma verdadeira epidemia de autismo?
Provavelmente não. O que está acontecendo é um melhor conhecimento dessas alterações, nos casos com quadro clínico menos evidente, que passavam despercebidos por mais tempo. Muitos casos eram diagnosticados como retardo mental e os que apresentam inteligência normal eram taxados como esquisitos. A suspeita diagnóstica tem sido feita mais precocemente. Os casos clássicos, com clínica evidente, acontecem em cerca de 20 em 10.000 .
Diagnóstico
O diagnóstico ainda é clínico, ou seja, depende de avaliação direta da criança e de relatos dos pais. Por vezes, requer meses de acompanhamento do neurodesenvolvimento para maior exatidão. Quando novos, podemos dizer que há comportamentos de risco, que serão confirmados ou afastados com o acompanhamento.
Os testes e questionários aplicados são válidos para crianças acima dos 18 meses. A tríade de alerta é composta por: alteração no desenvolvimento da fala e linguagem, alteração na sociabilização e presença de comportamentos repetitivos.
Tratamento
Inicialmente deve-se focar no desenvolvimento da compreensão e comunicação social, seja verbal ou não. O tratamento neuropsicológico abordará habilidades sociais e acadêmicas. Quanto mais cedo aprenderem o jogo da comunicação social, melhor será sua qualidade de vida.
A orientação dos pais e da escola é fundamental. É necessário que se aprenda a contornar a ocorrência de acontecimentos que geram estresse, e que possivelmente sejam incontroláveis. Portanto, planejar e treinar com antecedência à exposição a novas situações é fundamental. Procurar descobrir o por quê de determinadas situações parecerem tão desagradáveis e evitar obrigá-los a executar novas ordens sem preparo e treinamento. Uma vez que o simples ato de vestir um casaco novo poderá ser muito desgastante para pais e criança.
Fonte: Dra Saada Ellovicth, neuropediatra do samaritano.com.br
Comentários