Saiba o que pode provocar a alergia alimentar.
- amhs00
- 11 de abr. de 2016
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Entenda as causas da alergia alimentar e como ela se manifesta no organismo das crianças.
Nos últimos 15 anos, houve um aumento significativo no surgimento de doenças alérgicas, como a alergia alimentar. O que se tem notado é que esse rápido aumento tende a estar mais associado a fatores ambientais do que aos genéticos. Quando nos referimos a fatores ambientais estamos considerando o preparo dos alimentos, uso de antiácidos e a atenção aos cuidados com higiene.
“Essa hipótese sugere que ambientes de acentuada limpeza e higiene, com pouca exposição a micro-organismos, acarretam uma diminuição no estímulo do sistema imunológico e, assim, pode favorecer o desenvolvimento de doenças alérgicas”, explica a gastroenterologista do Centro de Especialidades Pediátricas do Hospital Samaritano de São Paulo, Dra. Soraia Tahan.
Além disso, é importante lembrar que o trato digestório é exposto diariamente a uma grande quantidade de fatores agressores (patógenos e antígenos alimentares). “A mucosa intestinal é a principal via de entrada de alérgenos. Sendo assim, é necessário um equilíbrio entre os fatores agressores e os de defesa (barreira intestinal, sistema imune da mucosa e composição da microbiota-“flora intestinal”) para que haja tolerância alimentar. O desequilíbrio desse sistema favorece doenças alérgicas e autoimunes”, afirma a médica.
Por exemplo, as infecções intestinais (diarreia viral, bacteriana ou por parasitas), especialmente nas crianças pequenas, podem lesar a mucosa do intestino, ocasionando diminuição da barreira protetora e aumento da permeabilidade do intestino, o que favorece o desenvolvimento de alergias alimentares.
Crianças são grandes vítimas
Além disso, sabe-se que alguns alimentos estão mais propensos a causarem alergias alimentares. É o caso, por exemplo, do leite de vaca, ovo, soja, trigo, peixe e crustáceos. Já o amendoim, os crustáceos, o leite de vaca e as nozes são os que provocam com mais frequência reações graves, como a anafilática. Em crianças, a alergia à proteína do leite de vaca é a alergia alimentar mais comum.
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) estima-se que entre 6 e 8% das crianças com menos de três anos de idade tenham alergia alimentar e cerca de 3% dos adultos sejam acometidos pelo problema.
“O risco de desenvolvimento de atopia (conjunto de afecções alérgicas caracterizadas por influência hereditária) e manifestações alérgicas de uma forma geral é maior em crianças que tenham familiares com antecedentes de atopia. O risco de desenvolvimento desse problema em recém-nascidos e lactentes aumenta para 20 a 40%, se um dos pais ou irmãos tiverem doenças atópicas, e sobe para 60%, quando os dois pais foram atópicos”, explica a Gastro Pediatra.
De acordo com a médica, a maioria das crianças desenvolve sintomas relacionados ao trato digestório (50 a 60%), pele (50 a 60%) e trato respiratório (20 a 30%), com grau de intensidade que varia desde alterações leves até graves com risco de morte, como na anafilaxia.
No trato digestório, os sintomas mais comuns são vômitos, diarreia e dor abdominal. “Já nos lactentes com poucos meses de vida, a presença de raias de sangue nas fezes pode indicar uma colite alérgica por alergia à proteína do leite de vaca. Lactentes jovens também podem apresentar alergia ao leite de vaca com manifestação de refluxo gastroesofágico que não responde à terapia habitual”, explica.
Síndrome da Enterocolite
Existe também uma síndrome clínica que tem sido, recentemente, mais divulgada: Food Protein Induced Enterocolitis Syndrome (FPIES) ou Síndrome da Enterocolite. “Essa síndrome é uma reação gastrointestinal a alimentos, não mediada por anticorpo IgE e, provavelmente, mediada por células, que se manifesta clinicamente com vômitos abundantes e repetitivos, às vezes com diarreia, levando a desidratação aguda e letargia. Na forma crônica, o FPIES pode causar anemia, diminuição da albumina e dificuldade no crescimento e desenvolvimento”, acrescenta a especialista.
As manifestações de alergia alimentar na pele podem ocasionar eczema, dermatite atópica, inchaço, coceira e urticária e no trato respiratório de tosse, rouquidão e chiado no peito.
Prevenção de alergia alimentar
O leite materno é o alimento ideal para o lactente, tanto do ponto vista nutricional como imunológico, e o ideal é que seja exclusivo até o sexto mês de vida. Ele ajuda a desenvolver a tolerância alimentar oral por conta de seus constituintes como a Imunoglobulina A secretora, bem como favorece uma microbiota intestinal (flora intestinal) saudável.
Em casos de suspeita de alergia alimentar, o acompanhamento de um especialista é de extrema importância para a identificação do problema e determinação do tratamento mais adequado para cada caso.
Fonte: samaritano.com.br
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